esta publicação faz parte da newsletter plot persuits, onde eu compartilhos minhas leituras, crises existenciais e algumas histórias que eu criei na minha cabeça.
você tem que saber que eu estou escrevendo isso como criadora de conteúdo, não como leitora. até porque, como leitora eu tenho uma “flexibilidade” maior pra jogar as coisas pela janela e fingir que nunca aconteceu.
quando a gente cria conteúdo, é um pouco diferente.
falar de livros na internet sempre foi um prazer com um leve toque de obrigação. eu posso fazer todo um discurso dizendo que “eu faço por diversão”, mas no final todo mundo quer ser reconhecido pelo conteúdo que cria e a frustração com a falta de engajamento, aumento de seguidores e aceitação das editoras acaba sendo inevitável.
me aponte uma pessoa que fica feliz em gastar horas produzindo um reels pra ele ter apenas 150 visualizações e nenhum comentário? infelizmente, a gente sente essas coisas na boca do estômago – é como o mundo funciona agora e eu não sou diferente de nenhum outro book-qualquer-coisa que vocês acompanham por aí.
a questão é que a gente fala muito sobre engajamento, sobre o fato do instagram não entregar, sobre o tiktok transformar a leitura em “fast fashion” e muito pouco sobre o quanto isso afeta nossa experiência de leitura e transforma o hobby em trabalho.
quem disse “trabalhe com o que ama e nunca mais terá que trabalhar”, claramente não era apaixonado pelo que fazia. a obrigação é a morte lenta e dolorosa do criativo, talvez por isso os conteúdos hoje sejam cada vez mais curtos e mais rasos.
e aí, eu inventei de fazer uma tbr
eu sempre gostei da ideia de fazer uma tbr. planejar os livros que eu quero ler naquele mês, gastar horas escolhendo minhas próximas leituras e, recentemente, eu adicionei a ideia das “previsões”, como uma forma de deixar o processo mais interessante.
não vou mentir dizendo que foi algo que eu fiz porque é interessante, pelo contrário, foi pura estratégia para engajar todo mundo no meu conteúdo do instagram (o que funcionou). as pessoas gostam de tentar adivinhar se você vai ou não gostar de um livro, também gostam de compartilhar sua opinião sobre uma leitura e conteúdos assim… funcionam.
a questão é que fazer uma tbr na book-comunidade é como assinar um contrato sem ler. você diz pra sua audiência quais são os livros que elas vão acompanhar ao longo do mês e isso gera uma expectativa (viu? estratégia). todo mundo vai aguardar o momento de você ler aquele livro que ela estava esperando. em janeiro foi “amor, teoricamente” e esse mês é “divinos rivais”.
e agora eu só quero não ler.
o problema é que, de repente, eu ando muito sem energia pra ler, sabe?
isso não tem haver com divinos rivais ou com os livros na minha lista de leitura. eu só realmente ando com uma tendência chata de deitar em posição fetal e apenas existir. não quero conhecer nenhum mundo mágico, nem me apaixonar por um mafioso. eu quero brincar com os gatos e assistir k-dramas na netflix, apenas.
me pergunto se outros criadores também se sentem assim.
faz um tempo que eu tenho me percebido uma pessoa de “ciclos”. eu tenho momentos que eu quero muito falar dos livros que eu tô lendo, outros em que eu prefiro ficar em silêncio no meu canto da internet. às vezes eu quero por força na newsletter, como agora, e tem vezes que eu quero só escrever mesmo.
é mais difícil navegar a criação de conteúdo do que as pessoas admitem. seja pra ser alguém que quer vender um produto na internet ou a gente que tá aqui só lendo um livro de cada vez. a internet é exaustiva e exigente. convidativa pra você compartilhar suas opiniões mas ao mesmo tempo, punitiva se você não joga pelas regras dela.
e você não precisa ser de “ciclos” como eu, você pode só ser.
o que eu mais vejo, principalmente no threads, são pessoas compartilhando o quanto criar conteúdo na comunidade leitura é desafiador, frustrante e, às vezes, desanimador. seja porque o instagram não entrega o conteúdo ou pela falta de reconhecimento das editoras, querer ter voz na internet é mais difícil que vencer o jogoz vorazes.
e eu não consigo falar de livros sem ler, né?
tenho certeza que você está pensando “ah, só não ler então", mas não é tão simples assim (embora pareça). se eu abrir mão da tbr e me dar um mês de folga dessa coisa toda, algumas coisas vão acontecer:
eu vou frustrar o público que acompanha o meu perfil e que está ansioso para me ver lendo os livros da tbr, o que pode fazer com que eles desistam de acompanhar o meu conteúdo;
se eu não estou lendo, logo, eu não tenho muito o que falar nos stories ou mesmo no feed. eu nunca fui do tipo que tem rotina pra compartilhar, então os meus “vlogs de leitura” e vídeos opinativos sustentam o meu perfil;
o engajamento vai despencar de forma obscena, o que significa que eu vou estar abrindo mão de meses de trabalho duro e luta contra o algortímo para que ele entregue o meu conteúdo. é quase como se todo o meu esforço fosse pra nada;
a verdade é que nunca é apenas “não ler”, embora na prática seja.
sempre que eu entro nessas minhas “baixas de energia”, uma parte de mim se culpa. eu sinto que não estou tão comprometida e eu consigo ouvir a voz de todos os coachs de disciplina da internet ecoando. é como se eu estivesse desistindo muito fácil das coisas ao mesmo tempo que a gente também não pode ficar se forçando a fazer coisas que não tem vontade.
estou contando isso porque nem sempre é tudo preto no branco, como diz o ditado. às vezes a gente quer muito, muita coisa e tudo ao mesmo tempo e, infelizmente, cada escolha vem acompanhada de uma renúncia.
eu vou fazer o meu melhor pra terminar a tbr de fevereiro, nem que eu leia os livros nacionais que eu estava namorando na amazon tem um tempo e divinos rivais (porque eu não quero spoilers), mas queria que você soubesse que, do lado de cá da tela do computador, a gente também sofre.
nem só de unboxing vive o criadore de conteúdo sobre livros.
ah, eu encontrei a sua próxima leitura!
Liz Buxbaum, uma jovem apaixonada por comédias românticas, que deseja viver um amor tão perfeito quanto os que vê nas telas. Quando o seu vizinho Wes Bennet, um cético em relação ao amor, se muda para o apartamento ao lado, Liz vê uma oportunidade de provar que o amor da vida real pode ser tão mágico quanto nos filmes.
dicas de leitura não se nega pra ninguém, então vale conferir no KU:
Proposta Perfeita, de Tamires Barcellos
Meu Maldito Ex: Amo Te Odiar, de Diana LoBite
Apenas Se For Você, de Giovanna L Pião
Segredo lascivo, de Natália Dias
Nossa Culpa, de Diana Novak
⌘ nota de rodapé
eu nem acredito que você leu a newsletter até o fim! ❤ se você gostou do conteúdo dessa semana, não esqueça de compartilhar com um amigo, tá? isso me ajuda a alcançar mais pessoas e manter a minha inspiração em dia!
e que tal me deixar um conselho nos comentários antes de ir? queria muito saber como você lidaria com os altos e baixos de criar conteúdo na internet.
instagram • canal de transmissão • diálogos irreais • pelas paredes do meu quarto
Oi, Debs! Espero que as coisas estejam melhores por aí!
Sou adepta do slow-content há algum tempo. Eu tinha um perfil de leitura que foi hackeado, aí perdi total o ânimo de dar sequência a esse negócio de falar sobre livros na internet. Mas a vontade voltou - e eu também. A diferença é que agora posto quando deu na telha, o que (estranhamente) tem aumentado o número de pessoas que se relacionam com meu conteúdo. Aqui na minha news é a mesma coisa: escrevo quando preciso/quero/me sinto à vontade.
Sei que não é pra todo mundo, mas produzir assim tem sido libertador!!!
Abraços ❤️
Compreendo sua angústia, típica dos tempos de Sociedade do Cansaço.
Aliás, seu texto me transportou automaticamente a um vídeo que vi nesse começo de semana: https://www.tiktok.com/@soylarinha/video/7320256937856224545