eu vou falar de fourth wing neste e-mail
avisei porque esse tem sido um tópico sensível
esta publicação faz parte da newsletter plot persuits, onde eu compartilhos minhas leituras, crises existenciais e algumas histórias que eu criei na minha cabeça.
caso você esteja vivendo em uma caverna: quarta asa, da rebecca yarros está sendo lançado no brasil pela pequena fortuna de R$180 (capa dura) e R$99 (brochura).
pra ser bem hosnesta, a única coisa que você realmente precisa saber sobre esse livro (além do preço obsceno que ele custa), é que estamos falando de uma fantasia com dragões que foi a sensação do tiktok em 2023. eu ainda não li o livro, sei muito pouco sobre a escrita do mesmo, mas estou fascinada com o desenrolar do seu lançamento.
agora que os ânimos se acalmaram e que todo mundo meio que “aceitou” o preço absurdo do livro, podemos conversar sobre a planeta simplesmente ter ignorado os leitores, dito a capa dura é uma edição limitada pra, algumas semanas depois, voltar com o discurso de “edição especial”.
assim, alguém realmente ficou surpreso com isso?
deixa eu falar usando a minha skin de marketeira: se o preço obsceno da edição capa dura tinha como objetivo causar o caos no mercado literário, parabéns! não só eles conseguiram expandir a audiência do livro como garantiram 1º lugar na lista de mais vendidos da amazon com a edição mais cara.
e como? graças a nós, incansáveis paladinos defensores da literatura.
eu perdi a conta de quantas pessoas eu vi falando sobre quarta asa e quantos “não leitores” resolveram comprar o livro só pra entender o motivo do nosso escândalo. no final do dia, eu não paguei R$180, mas alguém pagou – pessoas que ficaram curiosas com o livro, fãs que só queriam a oportunidade de ter a sua edição fisíca do livro e leitores que só tem a opção de ler a versão traduzida.
com um livro na lista dos mais vendidos e um produto dando lucro apesar da controvérsia do preço, vocês acham mesmo que a planeta daria o tiro no pé de pedir desculpas ou mesmo abaixar o preço do livro? além disso, o “buzz” do lançamento tem um certo prazo de validade, o que significa que eventualmente as promoções do título vão começar.
seria um tiro no pé se eles fizessem isso agora, principalmente com o lançamento ali na esquina e uma oportunidade de lucrar ainda mais quando o livro chegar nas livrarias, afinal, por mais que muita gente esteja insatisfeito, todo mundo quer ler o livro – pessoas que esperaram meses pra finalmente ver os dragões.
“quarta asa” ficou uns quatro dias nos trends. eu perdi a conta de quantas pessoas, influenciadores etc gravaram um vídeo falando sobre como livro é caro no brasil (eu também, inclusive) e reclamando da falta de respeito da editora de abusar do hype do livro para cobrar um preço tão absurdo.
eles nem precisaram divulgar o livro, nós fizemos isso por eles.
pessoas que nem sabiam o que era rebecca yarros querem ler “quarta asa” apenas para entender o porque do frenezi todo em torno do livro. e todo dia que a gente comenta, reclama etc sobre esse assunto, mais engajamento e atenção para o livro a gente gera e, por consequência, a editora não só faturou com o livro, mas economizou com o marketing.
ou você acha que comentar no instagram deles que o preço é um absurdo vai fazer o instagram derrubar as publicações do livro? é claro que não. a planeta pode ter feito meia dúzia de inimigos com essa estratégia, mas mesmo que o impacto tenha sido negativo pra eles como marca, definitivamente compensou enquanto negócio, sabe?
eu sei que tem uma certa frieza na forma que eu estou dizendo isso, mas a verdade é que os livros ficaram mais caros no último ano e, ainda assim, as editoras estão tendo lucros. isso diz alguma coisa pra você? porque pra mim diz muita coisa.
de novo, eu vou usar a minha skin de marketeira, mas vou pular a parte de custos de produção e etc porque essa parte eu realmente não domino, ok? tem alguns pontos que eu quero ressaltar aqui:
mesmo que os livros fiquem mais caros, muitas pessoas ainda os compram porque adoram ler ou valorizam muito o conteúdo. é como se, para essas pessoas, não importasse tanto o preço (mesmo que a gente diga que importa).
as editoras podem fazer diferentes tipos de livros para atrair diferentes pessoas. algumas edições podem ser mais caras e outras mais baratas, ajudando a vender mais e ganhar mais.
se de repente todo mundo quer ler sobre um tema específico ou prefere tipos diferentes de livros, as editoras podem aproveitar para cobrar mais caro, sabendo que as pessoas vão comprar de qualquer jeito.
se existem poucas editoras dominando o mercado, elas podem ter mais poder para decidir os preços. com menos concorrência, é mais fácil manter os preços altos.
o aumento no preço dos livros é um reflexo do nosso próprio comportamento de compra combinado com um mercado pouco concorrido. você consegue contar nos dedos as editoras que realmente tem poder de “competição”: planeta, record, arqueiro, rocco e, talvez, a plataforma21. o que permite que elas precifiquem os livros de acordo com a sua vontade porque a gente não tem opção.
“ah, então é só focar em editoras menores”, quem me dera.
infelizmente editoras menores tem o custo de produção por não terem uma gráfica própria, o que também deixa o preço do livro mais caro. além disso, o investimento pra trazer livros como fourth wing é absurdo, o que não mudaria muita coisa no valor final do livro aqui no brasil – provavelmente ficaria entre R$120-150.
lembra quando a sua professora do ensino médio falou sobre a “lei da oferta e da procura”? nós estamos reféns disso tem um tempo e não consigo enxergar as coisas mudando num futuro próximo. o que nos deixa apenas com as opções de aceitar os preços abusivos ou nos recusarmos a comprar livros, afinal, se procura diminuir, a oferta tende a melhorar.
não vejo nenhuma das duas coisas acontecendo, e você?
eu sei que parece que eu estou escrevendo essa newsletter só pra comprovar o que todo leitor brasileiro já sabe: estamos fodidos. mas eu sempre acho importante entender o motivo por trás do que acontece e porque os livros estão cada vez mais caros por aqui.
mas, pra vocês não lerem isso aqui atoa, eis uma dica: parem de dar palco pra planeta. não comentem nas publicações do livro, não engagem com a editora, não divulguem o livro ou falem da edição nacial.
o silêncio é a melhor forma de sermos ouvidos nesse mundo capitalista.
ah, eu encontrei a sua próxima leitura!
Jasmine Santos descreveria os difíceis últimos anos de sua vida na patinação artística como tumultuados. Após dezessete anos, lesões e promessas não cumpridas, ela vê sua chance de competir diminuir. No entanto, uma inesperada oferta de Ivan Lukov, um arrogante patinador que ela despreza há anos, pode mudar tudo, forçando-a a repensar suas convicções e a relação com Ivan.
dicas de leitura não se nega pra ninguém, então vale conferir no KU:
A Jogada Perfeita, de Evilane Oliveira
Leve minha alma, de Harley Laroux
Gente ansiosa, de Fredrik Backman
Clube do livro dos homens, de Lyssa Kay Adams
Beauty and the Baller, de Ilsa Madden-Mills
⌘ nota de rodapé
eu nem acredito que você leu a newsletter até o fim! ❤ se você gostou do conteúdo dessa semana, não esqueça de compartilhar com um amigo, tá? isso me ajuda a alcançar mais pessoas e manter a minha inspiração em dia!
inveja de quem teve coragem de dar R$180 na edição capa dura de fouth wing, eu não teria essa coragem. e você? pagaria esse valor num livro?
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Cara, é bizarro como o preço dos livros não param de aumentar e como estão raras as promoções. Até uns 3 anos atrás (4 talvez?) eu conseguia umas promoções muito boas de livros por 20/25 reais e agr não consigo mais comprar livro pq o mais barato da minha lista tá 47 🤡